Mais um jogo com uma história triste.
Mas, com aspectos interessantes.
Sobre o que correu mal, não vale a pena falar aqui, temos é de salientar o lado bom das situações.
O resultado foi péssimo, oito golos sofridos mostra bem que esta equipa do Almada tem muitas fragilidades. Muitos aspectos a corrigir.
Uma coisa era perder 0 - 8 com o Corroios, outra é perder desta forma com o Charneca.
Mas, esquecendo toda a parte negativa do jogo, sobre isso já basta o facto de perdermos por resultado tão volumoso. Não adianta bater no ceguinho...
ASPECTOS POSITIVOS:
Pontualmente, o Almada conseguiu fazer boas jogadas de combinação.
Vi bons lances de construção de jogo, bons passes, boas desmarcações.
Mas continua a faltar um jogador «cínico», aquele jogador que não desperdiça oportunidades. Pelo menos um daqueles 20 miúdos tem de «aparecer» para a frente da baliza. Um deles vaii ter de ser o jogador que olha para a baliza e tenta o golo.
É que, já sabemos, temos muitas dificuldades defensivas. Esta equipa começa já a saber construir jogo, mas não sabe colocar-se na posição defensiva. Todos os jogadores devem atacar. Todos devem defender.
Mas ainda há ali jogadores que não perceberam isso... Correm para a frente, mas para trás... voltam devagarinho!
Mas, deixando para trás o aspecto defensivo, mesmo com essas fragilidades, se aproveitássemos as oportunidades criadas, sempre faziamos uns golitos. Mas não...
Hoje podíamos e devíamos ter feito uns dois ou 3 golos.
Uma delas, nos pés do Isaque. Sozinho virado para o guarda-redes. Era só dar um toque para a frente, correr 3 metros e dizer ao guarda-redes: «Para que lado queres?»
Mas para tal tem de haver discernimento, tem de se acreditar, tem de se ter força de vontade, tem de se dar o litro!
Foi uma bola desperdiçada... Porque deslumbrou com a situação. Nem acreditou que a baliza estava ali à sua frente...
Depois houve mais duas ou três, que, com alguma sorte, podiam dar em golo!
A propósito, começo a achar que o Luís tem de se tornar um bocadinho mais egoísta.
Ele está bem colocado e procura sempre um colega que esteja melhor que ele. O que acontece é que em todos os casos, deu ao colega, e o colega desperdiçou...
Ou seja, "Luís, se em 5 jogadas decidires ser egoísta numa delas, ninguém te criticará... e se calhar vais conseguir fazer golos!"
É que eu fico na dúvida: Será que naquela situação o Luís marcava?»... se não tentar nunca saberemos!
Depois, uma outra jogada, já na segunda parte, um passe perfeito do Verginaldo para o Elídio, que aparece sozinho a poucos metros da grande área. Em vez de dar o tudo-por-tudo e entrar com a bola para a área, foi lento a esperar que a bola chegasse aos seus pés e depois lento também a preparar a bola para o remate. Quando chutou já tinha 2 defesas à sua frente... Desperdício clamoroso.
Vi mais duas ou três jogadas destas, bem conseguidas... mas que depois, na concretização, os nossos jogadores tornam-se muito infantis... não sabem o que fazer com a bola...
São fragilidades próprias de uma equipa que começou do nada... Que está a dar os primeiros passos.
Que tem muito para aprender.
Não é justo para os miúdos esperarmos mundos e fundos desta equipa.
Aliás, aproveito para corrigir um parágrafo que escrevi há umas semanas atrás.
Não podemos esperar destes miúdos algo que eles manifestamente não têm ao seu alcance:
O Almada está mesmo no grupo do fundo, faz com o Monte e o Vale Milhaços o grupo das três equipas do fundo da tabela. As equipas com as quais todas as outras vêm para ganhar «por muitos».
Por muito que queiramos dizer que a nossa equipa tem potencial, que os miúdos até podem fazer uma boa equipa... a realidade é que neste momento são ainda uma equipa muito frágil.
É melhor colocar a fasquia ao seu real nível.
Hoje no jogo com o Charneca, ficou tudo muito claro:
- Não se pode dizer que os miúdos não se tenham esforçado. Esforçaram-se e muito!
- Não se pode dizer que tenham tido azar. Não, as oportunidades foram criadas mas não tiveram capacidade para as concretizar!
- Não se pode dizer que o Almada podia ter ganho caso começasse melhor, não, até nem começaram mal, só que ao longo do tempo as fragilidades da equipa acabam por vir ao de cima!
Ou seja, analisando friamente... esta equipa do Almada está uns degraus abaixo da maioria das equipas com as quais temos jogado. Claramente!
E quero dizer com isto que nos vamos redimir a jogar sempre para perder, para perder por muitos???
Nem pensar nisso!
Porque se virmos bem, todos nós tinhamos expectativas mais elevadas, porque desde o início percebemos que há ali potencial.
E se há potencial... é preciso dar tempo ao tempo. É preciso deixar que os bons treinos (disso acho que ninguém tem dúvidas...) comecem a dar resultados.
O que eu quero dizer é que a equipa tem muitas fragilidades, mas se tivermos consciência disso, se partirmos com ambições mais humildes, se calhar vamos conseguir passo a passo, construir uma equipa mais forte, que se divirta dentro de campo, que dê gosto ver jogar...
BONS EXEMPLOS:
Verginaldo: Uma agradável surpresa. Nota-se (já tinha notado no treino de segunda-feira) que está a ganhar confiança e a mostrar o seu real valor. Sabe segurar a bola, jogar para a equipa.
Eu diria que foi o melhor jogador em campo. Foi dos seus pés que saíram algumas das melhores jogadas do encontro!
Diogo: Incansável, correu para um lado e para o outro, para a frente, para trás. Manifestamente, só um Diogo não chega... Mesmo um Diogo a trabalhar muito! Apesar dos 8 golos, Diogo foi um dos melhores jogadores em campo!
Luís: Foi igual a si mesmo. Muito lutador lá na frente, a procurar a bola incessantemente, sempre a colocar pressão no adversário. Era bom que os seus colegas vissem o que faz...
Com a bola nos pés, está a aperfeiçoar dia para dia o jogo de equipa. sempre a ver o jogador melhor colocado para receber...
Galego: É o jogador que melhor caracteriza esta equipa. É muito bom a construir jogo, sempre que a bola passa pelos seus pés resulta uma jogada interessante, e partem do seu pé direito os melhores passes. Falta-lhe atitude defensiva e a lucidez de concretizar em golo uma boa jogada. (É um espelho da equipa)
Mário: Tem tido azar desde o primeiro dia. Agora foi o braço. De lesão em lesão, a tentar ganhar o seu espaço. Nos 15 minutos que jogou esteve bem a construir jogo ofensivo, e manteve sempre o médio do Charneca sob pressão, não deixando jogar!
Dady: Para primeiro jogo não esteve mal. Sabe guardar a bola e olhar prontamente para o jogador que se desmarca, é o chamado jogador "falso-lento", parece lento nos movimentos, mas chega lá... Mais um jogador com muita margem de crescimento!
POSIÇÕES DOS JOGADORES:
A vantagem de se ter uma equipa nova, com todo o trabalho por fazer, é que ainda se podem testar posições dos jogadores.
Por exemplo, parece claro que é preciso testar alguns jogadores na defesa.
A meio campo há várias hipóteses mais fáceis, mas é preciso testar mais jogadores na grande área adversária.
COMENTÁRIOS
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Anónimo disse... podiamos ter feito realmente 2,3 golos mas a verdade é que o charneca foi de longe superior e podia tambem ter marcado mais 4,5 se não tivesse falhado um penalty e lembrar 3,4 defesas do nosso guarda redes que para mim fez um grande jogo.
- Anónimo disse...
O Corroios pode ser por várias razões uma boa equipa, mas querer tapar o sol com uma peneira é que não, então os rapazes do Charneca não foram superiores aos nossos claro que sim, são superiores ao Corroios penso que por várias razões que NÃO mas daí tirar
o mérito aos rapazes também não vamos é trabalhar mais os nossos e as vitórias irão aparecer força miúdos!
FELICITAÇÂO:
Agradeço os comentários.
Os meus comentários são apenas a minha opinião, que vale... zero... é apenas uma opinião entre muitas possíveis.
O que pode tornar este espaço mais interessante é, precisamente, a troca de opiniões divergentes.
E por isso agradeço os vossos comentários.
Aproveito também para frisar, já o disse em Post, que qualquer um de vós pode colocar Posts neste blog. basta que me enviem o pedido por mail... logo que o receba faço o convite de resposta e podem, sempre que quiserem, «postar» neste blog, que é de todos nós...
Obrigado!
Em relação aos comentários feitos, só duas palavras: Eu não pretendi menorizar o Charneca. pelo contrário. É uma equipa que conheço muito bem... o meu filho treinou com aqueles miúdos nos últimos 3 anos... como devem imaginar, foi muito treino, muito jogo... Se passei essa ideia, foi apenas por incompet~encia no uso das palavras. Aqui fica a homenagem á equipa do Charneca! Belíssimo jogo!
Aproveito também (palavra puxa palavra) para partilhar convosco... enquanto o jogo decorria, fui falando com alguns pais de miúdos do Charneca, pais que já não via há alguns meses... e todos foram unânimes em considerar que o Charneca deu um grande salto com o novo treinador.
Eu posso comprovar:
O Ricardinho... que na época passada andava muito apagado, com falta de confiança, muitas vezes ficava no banco, ontem fez um jogo genial. No seu melhor. marcou 3 golos, deu vários a marcar, foi um médio como eu já conhecia de há uns anos atrás.
O Leandro, que também passou uns meses sem jogar por motivos de saúde, fez na época passada jogos muito irregulares. Ontem estava seguríssimo, muito bem defensivamente, muito bem a preperar o ataque. Também gostei de ver o Bruno Henriques, mas aí não foi surpresa, sempre gostei da sua atitude. O tipo de jogador que dá tudo por tudo.
Como equipa o Charneca foi superior mas os 8 golos não significam muito, a nossa equipa está esfrangalhada mentalmente e assim que sofre o 1º golo não consegue reagir, não têm confiança, a bola parece uma bomba prestes a explodir nos pés de alguns jogadores. Essa confiança adqire-se com o entrosamento, de registar que os nossos jogadores nunca jogaram juntos, alguns de 1º ano e isso faz toda a diferença contra equipas que vêm de outros escalões há 4 ou 5 anos, continuo a acreditar que esta equipa tem potencial, mas precisa pelo menos de mais 2 ou 3 meses de jogos e de uma vitória. o trabalho vai aparecer. Estaremos bem no campeonato complementar a partir de janeiro ou Fevereiro.
ResponderEliminarPrimeiramente gostaria de parabenizar o autor deste Blog pela iniciativa e pelo excelente trabalho desenvolvido. O Blog está francamente rico em fotografias e os comentários relatam de forma fidedigna o que tem sido o desempenho desta equipa.
ResponderEliminarO futebol, como o desporto em geral, tem sofrido uma evolução constante ao longo dos últimos tempos. De facto, os factores ou as condicionantes do jogo são imensos, pelo que o seu controlo ou domínio assume uma complexidade extrema. A utilização de designações e objectivos como a velocidade da percepção, velocidade da acção de jogo, ênfase no treino das capacidades coordenativas e a sua relação com as condicionantes técnicas (passe, recepção, condução, remate, drible) e tácticas (princípios gerais e específicos do jogo ofensivo e defensivo), o treino ou a educação da capacidade criativa, a aprendizagem das técnicas desportivas e a sua relação com a componente cognitiva, a capacidade de análise/percepção e antecipação no jogo, o formar da excelência emocional, o educar a aptidão para o risco, educar a capacidade de sofrimento, aumento da auto-confiança e auto-estima através de formas jogadas com elevada percentagem de sucesso, são cada vez mais referenciados nas investigações actuais e serão o futuro das orientações para o ensino do futebol.
Esta equipa, de facto, apresenta muitas dificuldades em praticamente todos os domínios do futebol. A aprendizagem e evolução que todos ambicionamos para os nossos jovens torna-se ainda mais difícil, na medida em que alguns destes jovens têm muito pouca experiência em futebol e aqueles com maior maturidade neste desporto apresentam vícios difíceis de colmatar.
Em todo caso, estou francamente satisfeito com a evolução da maioria dos nossos jovens. É muita informação ao mesmo tempo e é expectável que não consigam assimilar tudo rapidamente. Pretendemos ensinar-lhes o que fazer (componente táctica), como fazer (componente técnica), a decidir (componente cognitiva), que por sua vez decorre de uma ajustada leitura de jogo (capacidade de percepção/análise e antecipação, sustentadas no desenvolvimento da atenção e concentração), para poder agir correctamente no tempo certo em relação ao móbil do jogo (velocidade de acção com e sem bola).
Estou plenamente de acordo quando é referido que a equipa tem potencial para fazer muito mais e melhor, sobretudo no que toca a enfrentar situações adversas, como resultados negativos. É algo que vamos procurar melhorar, mas não necessariamente procurando o caminho mais fácil. Aprender a lidar com contrariedades, com o “NÃO”, com o insucesso é mais difícil que o oposto, mas é extremamente positivo e assume um papel fundamental na educação dos jovens.
Quando referimos que não procuramos as vitórias a todo o custo, ou que o resultado do nosso trabalho deve ser medido pela evolução dos atletas enquanto jogadores, queremos dizer que não vamos abdicar de tentar jogar futebol como o ensinamos e como deve ser praticado. Valorizamos fundamentalmente o esforço e o progresso na aprendizagem, colocando em primeiro lugar os interesses dos jovens e só depois as vitórias da equipa. O caminho mais fácil para uma equipa como a nossa seria escolher os melhores 7 jogadores, jogar fechado e esperar pelo erro do adversário. Os resultados desportivos, pelo menos a curto prazo seriam melhores, mas a evolução dos nossos atletas seria praticamente nula.
As lesões do Mário, da Maria (mais recentemente), a difícil inscrição do Roberto não têm abonado a favor da equipa, é um facto. No entanto, os altos e baixos que se têm verificado na equipa são normais e, de certa forma, reflectem o trabalho que temos desenvolvido nos treinos. Começámos por trabalhar os princípios específicos da defesa, sem descurar naturalmente o ataque que está presente em todos os treinos, mas dando um claro ênfase à contenção, cobertura defensiva, equilíbrio e concentração. A equipa começou a sofrer menos golos, mas não sabia sair a jogar, não se sabia movimentar, não conseguia manter a posse de bola. Planeámos os treinos para dinamizar mais estes aspectos e a equipa melhorou muito no aspecto ofensivo, na manutenção da posse de bola, mas piorou muito na recuperação. É positivo perceber que o que fazemos nos treinos tem reflexo nos jogos, mas é compreensível que haja dificuldade em assimilar tudo rapidamente.
O último jogo (com o Charneca) foi um jogo atípico por várias razões, mas sobretudo porque não soubemos lidar com os erros infantis que cometemos, perdemos a calma e nunca mais nos encontrámos. Concordo que tivemos, a espaços, situações de jogo interessantes, aliás começámos muito bem o jogo, a dominar, com o Charneca a despachar bolas para frente, a jogar no nosso erro, que aconteceu...depois facilitámos muito o trabalho do adversário.
O que temos de evitar fazer é cobrar-lhes mais do que podem fazer a curto prazo, volto a salientar que existem muitos jogadores que estão a competir pela primeira vez (grande parte dos nossos adversários já o faz há 5,6 anos) e temos vários jogadores de primeiro ano (os nossos adversários têm equipas Bs onde jogam os jogadores de primeiro ano e competem no nosso escalão com os jogadores mais velhos).
Os valores de que a nossa escola não abdica vão muito para além do sucesso desportivo, ou dos resultados competitivos, o saber estar, saber perder, saber competir e o Fair-Play são componentes importantíssimas na formação dos nossos jovens como atletas e como pessoas.
Já me alonguei muito, até breve,
Fernando