- Vejo no Wikipédia uma evolução das tácticas:
Anos 60 e 70
Na década de 60, o esquema tático 3-4-3 era o segundo mais popular na época, sendo utilizado por várias equipes e seleções de futebol naquela época(só perdia do 4-3-3.O esquema foi criado nos anos 50, mas só começou a ser usado a partir da Copa 1962.Assim, foi ganhando força.Nos anos 70 continuou a fazer sucesso, tendo aumentado ainda mais a quantidade de clubes.
[editar] Anos 80 e 90
Nos anos 80, a coisa foi diferente.Primeiro foi a chegada de um novo esquema tático: o 4-4-2 que deixou o 3-4-3 ultrapassado, e até mesmo o 4-3-3 perdeu sua liderança.Mas o golpe fatal veio em 1985 na Dinamarca quando chegou o 3-5-2, e deixou o 3-4-3 quase nulo.Já nos anos 90 surgiu o 4-5-1, mas não foi grande coisa como o 4-4-2 e 3-5-2, pois demorou para ser usado pelos clubes, sendo que hoje é o 3º esquema tático preferido pelos clubes.
Bem, na verdade, no tempo em que eu jogava, a táctica era o 4-3-3, invariavelmente.
Era tal e qual os números das camisolas. O defesa direito era o 2, os centrais 3 e 4 (um era o de marcação, outro o chamado libero, mais solto, a fazer as dobras) o defesa esquerdo o 5.
No meio campo 3 médios, não se tinham inventado os trincos...
O médio centro era normalmente o «artista» da equipa, o criativo, o jogador mais habilidoso que colocava bem as bolas nos avançados, os médios laterais fechavam quando a equipa defendia, e abriam à linha quando atacava. (eram os nºs 6, 7 e 8)
- O número 9, e 10 eram os que nós chamávamos na altura os EXTREMOS, normalmente jogadores muito rápidos, que subiam com a bola até à linha de canto e centravam para o avançado, o jogador «com fome de baliza», aquele jogador que chuta de qq lado, sempre focado na baliza, perigoso mesmo quando não tem a bola nos pés... Era o 11.
Era assim que nos ensinavam a jogar.
Tive fases em que era médio centro, noutras médio esquerdo. (passava à esquerda em alturas em que outro médio criativo estava em melhor forma e mais inspirado).
à esquerda não me dava mal, apesar de não ser canhoto. Porque fui forçando o uso do pé esquerdo, nos treinos insistia, insistia... até que a dada altura já tinha força e colocação com pé esquerdo. Fintar na linha esquerda com pé direito é, até, muito vantajoso... como se pode ver com o Simão Sabrosa.
Inclinando o corpo para a esquerda e depois meter a bola na direita, deixa o defesa de rastos e permite-nos seguir a bola com o nosso melhor pé... Puxar a bola para a esquerda com o pé direito é uma finta que nos dá vantagem sobre o defesa porque a bola está sempre a fugir do seu alcance, e só nos tira a bola com falta.
Sempre gostei muito do lugar de médio esquerdo...
Hoje, acho curioso e confesso que muitas vezes nem compreendo a linguagem, quando oiço falar de tácticas das equipas, normalmente pelos analistas de futebol, na televisão.
Não compreendo mesmo o que querem dizer, por vezes...
Mas percebo, sim, que hoje toda essa componente táctica está muito desenvolvida.
No fundo é como fazer um puzzle em que as peças todas encaixem. Não é fácil... mas quando se consegue identificar as peças exactas para os sítios certos, é bonito de se ver...
Se já não é fácil montar um puzzle com peças bem identificadas, então imagine-se o que é montar um puzzle com imagens difusas... mal contornadas.
Uma equipa de miúdos tão jovens, e alguns ainda a estrearem-se na competição, não pode ter um jogo linear, perfeito, ao fim de dois meses de treino. É impossível...
Já comentámos entre nós, pais: esta equipa vai fazer um campeonato sofrível, mas quando chegar ao complementar, aí já deveremos ver uma Equipa, no verdadeiro sentido da palavra.
Entretanto, gostava de sublinhar um parágrafo deixado aqui pelo «Mister» Fernando, e que é, na minha opinião, a grande mais-valia que os nossos filhos têm em estar a treinar aqui, no Almada, nesta escola de formação do benfica:
Quando referimos que não procuramos as vitórias a todo o custo, ou que o resultado do nosso trabalho deve ser medido pela evolução dos atletas enquanto jogadores, queremos dizer que não vamos abdicar de tentar jogar futebol como o ensinamos e como deve ser praticado. Valorizamos fundamentalmente o esforço e o progresso na aprendizagem, colocando em primeiro lugar os interesses dos jovens e só depois as vitórias da equipa. O caminho mais fácil para uma equipa como a nossa seria escolher os melhores 7 jogadores, jogar fechado e esperar pelo erro do adversário. Os resultados desportivos, pelo menos a curto prazo seriam melhores, mas a evolução dos nossos atletas seria praticamente nula.
E porquê?
Precisamente porque, em qualquer outro clube, os nossos filhos estariam, neste momento, a sofrer «acção psicológica» dos treinadores, para se fecharem na defesa, para não deixarem passar nada, para darem cacetada, se necessário, para tudo fazerem para não levarem cabazadas...
E qual era o resultado? Precisamente o que diz o Fernando: Sofríamos menos golos, mas não construíamos jogadas, os miúdos saíam tristes dos jogos, porque era só pontapé para a frente, jogo feio, e, pior de tudo... não haveria evolução! Aprende-se alguma coisa a a jogar feio?? Só para não deixar os outros marcar?
Eu acredito nesta filosofia, aliás, aplaudo! Nem sempre o melhor caminho é o mais fácil...
Neste caso, formação de miúdos, prefiro o caminho mais duro, mais difícil, desde que saiba que mais tarde vou ver resultados disso!
O imediatismo... não passa disso! Como dizia a minha avó, «Rápido e bem... não há quem!»
Abraços e saudações desportivas
João Pedro Fonseca
Primeiramente gostaria de parabenizar o autor deste Blog pela iniciativa e pelo excelente trabalho desenvolvido. O Blog está francamente rico em fotografias e os comentários relatam de forma fidedigna o que tem sido o desempenho desta equipa.
O futebol, como o desporto em geral, tem sofrido uma evolução constante ao longo dos últimos tempos. De facto, os factores ou as condicionantes do jogo são imensos, pelo que o seu controlo ou domínio assume uma complexidade extrema. A utilização de designações e objectivos como a velocidade da percepção, velocidade da acção de jogo, ênfase no treino das capacidades coordenativas e a sua relação com as condicionantes técnicas (passe, recepção, condução, remate, drible) e tácticas (princípios gerais e específicos do jogo ofensivo e defensivo), o treino ou a educação da capacidade criativa, a aprendizagem das técnicas desportivas e a sua relação com a componente cognitiva, a capacidade de análise/percepção e antecipação no jogo, o formar da excelência emocional, o educar a aptidão para o risco, educar a capacidade de sofrimento, aumento da auto-confiança e auto-estima através de formas jogadas com elevada percentagem de sucesso, são cada vez mais referenciados nas investigações actuais e serão o futuro das orientações para o ensino do futebol.
Esta equipa, de facto, apresenta muitas dificuldades em praticamente todos os domínios do futebol. A aprendizagem e evolução que todos ambicionamos para os nossos jovens torna-se ainda mais difícil, na medida em que alguns destes jovens têm muito pouca experiência em futebol e aqueles com maior maturidade neste desporto apresentam vícios difíceis de colmatar.
Em todo caso, estou francamente satisfeito com a evolução da maioria dos nossos jovens. É muita informação ao mesmo tempo e é expectável que não consigam assimilar tudo rapidamente. Pretendemos ensinar-lhes o que fazer (componente táctica), como fazer (componente técnica), a decidir (componente cognitiva), que por sua vez decorre de uma ajustada leitura de jogo (capacidade de percepção/análise e antecipação, sustentadas no desenvolvimento da atenção e concentração), para poder agir correctamente no tempo certo em relação ao móbil do jogo (velocidade de acção com e sem bola).
Estou plenamente de acordo quando é referido que a equipa tem potencial para fazer muito mais e melhor, sobretudo no que toca a enfrentar situações adversas, como resultados negativos. É algo que vamos procurar melhorar, mas não necessariamente procurando o caminho mais fácil. Aprender a lidar com contrariedades, com o “NÃO”, com o insucesso é mais difícil que o oposto, mas é extremamente positivo e assume um papel fundamental na educação dos jovens.
Quando referimos que não procuramos as vitórias a todo o custo, ou que o resultado do nosso trabalho deve ser medido pela evolução dos atletas enquanto jogadores, queremos dizer que não vamos abdicar de tentar jogar futebol como o ensinamos e como deve ser praticado. Valorizamos fundamentalmente o esforço e o progresso na aprendizagem, colocando em primeiro lugar os interesses dos jovens e só depois as vitórias da equipa. O caminho mais fácil para uma equipa como a nossa seria escolher os melhores 7 jogadores, jogar fechado e esperar pelo erro do adversário. Os resultados desportivos, pelo menos a curto prazo seriam melhores, mas a evolução dos nossos atletas seria praticamente nula.
As lesões do Mário, da Maria (mais recentemente), a difícil inscrição do Roberto não têm abonado a favor da equipa, é um facto. No entanto, os altos e baixos que se têm verificado na equipa são normais e, de certa forma, reflectem o trabalho que temos desenvolvido nos treinos. Começámos por trabalhar os princípios específicos da defesa, sem descurar naturalmente o ataque que está presente em todos os treinos, mas dando um claro ênfase à contenção, cobertura defensiva, equilíbrio e concentração. A equipa começou a sofrer menos golos, mas não sabia sair a jogar, não se sabia movimentar, não conseguia manter a posse de bola. Planeámos os treinos para dinamizar mais estes aspectos e a equipa melhorou muito no aspecto ofensivo, na manutenção da posse de bola, mas piorou muito na recuperação. É positivo perceber que o que fazemos nos treinos tem reflexo nos jogos, mas é compreensível que haja dificuldade em assimilar tudo rapidamente.
O último jogo (com o Charneca) foi um jogo atípico por várias razões, mas sobretudo porque não soubemos lidar com os erros infantis que cometemos, perdemos a calma e nunca mais nos encontrámos. Concordo que tivemos, a espaços, situações de jogo interessantes, aliás começámos muito bem o jogo, a dominar, com o Charneca a despachar bolas para frente, a jogar no nosso erro, que aconteceu...depois facilitámos muito o trabalho do adversário.
O que temos de evitar fazer é cobrar-lhes mais do que podem fazer a curto prazo, volto a salientar que existem muitos jogadores que estão a competir pela primeira vez (grande parte dos nossos adversários já o faz há 5,6 anos) e temos vários jogadores de primeiro ano (os nossos adversários têm equipas Bs onde jogam os jogadores de primeiro ano e competem no nosso escalão com os jogadores mais velhos).
Os valores de que a nossa escola não abdica vão muito para além do sucesso desportivo, ou dos resultados competitivos, o saber estar, saber perder, saber competir e o Fair-Play são componentes importantíssimas na formação dos nossos jovens como atletas e como pessoas.
Já me alonguei muito, até breve,
Fernando
18 de Novembro de 2008 14:15